2011 começou sangrento em Angra dos Reis. Somados Janeiro e Fevereiro, os números já chegam a quinze mortes violentas, um alto índice de homicídios. Os assassinatos tem sido praticados em vários bairros da cidade, inclusive um ocorreu na porta de uma escola, quando várias crianças se preparavam para estudar. Uma das mortes que mais causaram repercussão na cidade foi a do líder comunitário Dermeval de Oliveira Chaves, morto no dia 12 de Janeiro no bairro Cantagalo. Demerval era figura conhecida na cidade pelas suas lutas nos movimentos sociais.
Das mortes ocorridas a polícia conseguiu prender apenas os suspeitos da morte do arrumador Luis Carlos Castro da Cunha, o "Carical", em 20 de Janeiro, no Morro da Fortaleza. Dias após o crime os policiais militares do 33º Batalhão prenderam quatro acusados de participação no crime. A polícia continua as investigações em busca dos autores dos outros crimes.
O aumento de violência em Angra dos Reis tem assustado os moradores. A aposentada Mariana Juscenila, por exemplo, mora no Morro da Fortaleza há mais de 47 anos e conta que está mudando sua rotina por conta dos constantes assassinatos.
- Infelizmente, o mundo de hoje está tão violento que não podemos confiar em ninguém. Sempre tive um pouco de receio de morar em morro, mas com o tempo fui conhecendo as pessoas e me acalmei. Mas agora, com essa história de morrer um a cada semana quase não saio de casa mais, e evito que meus filhos e netos subam o morro para me verem. Do jeito que a situação anda, ser atingida por uma bala perdida não é nada anormal - disse a aposentada.
O bancário Aluízio de Braga mora há mais de 30 anos em Angra, e disse que nunca havia visto a cidade tão violenta como nos últimos meses. Ele mesmo foi vítima desse caos, sendo assaltado por duas vezes em quatro meses.
- Moro há muito tempo em Angra e nunca tinha sofrido nada. Não sei o que aconteceu que está essa violência escandalosa. Até agora não consigo acreditar que fui assaltado duas vezes, é inacreditável. A cidade precisa de um programa de segurança pública antes que a situação piore e esses homicídios aumentem ainda mais - disse Aluízio.
No início do ano, um assassinato nas festas de Reveillon da Praia do Anil assustou aos moradores e turistas. Com a proximidade do Carnaval, o perigo de um novo crime preocupa.
- Eu nunca tinha visto uma coisa dessas em Angra, e fiquei muito assustado. Não é de hoje que percebemos que as festas que acontecem na nossa cidade quase não têm segurança. Então fico pensando que se um crime desses aconteceu nas festas de Ano Novo, sabe lá o que não pode acontecer no Carnaval, quando todo mundo perde a cabeça. Tenho a certeza de que se não houver uma fiscalização intensa de verdade teremos muitas mortes e crimes - ressaltou o armador Júlio de Souza.
Segundo o presidente da Associação de Moradores da Vila Histórica, Agnelo Mattos, no final do ano a região viveu uma situação de superlotação que, somada à falta de fiscalização da prefeitura e da polícia, ocasionou episódios lamentáveis.
- Tanto a Vila Histórica, quanto o Perequê sempre ficam lotados no final do ano e precisam de fiscalização constante. Assim como aparecem muitas pessoas de outras cidades e estados, também aparecem bandidos. Não é de hoje que pedimos mais fiscalização, mas depois desse episodio na Praia do Anil as autoridades viram que precisam mesmo intensificar a segurança. - ressaltou ele.
Infelizmente caminhamos pra um aumento da violência em nossa cidade, o
Executivo Municipal e a Polícia Militar precisam tomar providências urgentes pra deter esse crescimento da criminalidade. Semana que vem tem Carnaval e se não houver um reforço da segurança nos bairros a coisa pode ficar ainda pior.
fonte: diariodovale.uol.com.br
