Ah, o verão. Especialmente nos trópicos do Hemisfério
Sul, onde o verão hospeda a virada de ano — e um horizonte que parece acenar
com novas oportunidades —, a época é de praia, calor, corpos desnudos, férias,
cerveja gelada, uma estação de bem com a vida. O verão é a estação mais
aguardada pelo angrense.
Mas há verões e verões. E este, particularmente, tem
sido uma das estações mais bizarras. E eu não me refiro ao já insuportável e
mal organizado trânsito, piorado um milhão de vezes por conta dos incompetentes
que o comandam por apadrinhamento político. Não. Essa é queixa antiga. Tampouco
me refiro ao calor que, a cada ano, parece ser o “maior dos últimos dez anos”.
Imagina. Temperatura de 20 graus em Angra já é razão suficiente para o angrense
tirar casaco do armário. E as chuvas? Tem coisa mais previsível do que as
tempestades que castigam Angra verão sim, outro também? Ou o mar de turistas
que invade a cidade?
E no entanto, se nada é novidade, por que este verão
parece tão abominável? Pela
inacreditável falta de preparo e senso de antecedência de autoridades públicas
e empresas privadas para lidar com a mais emblemática das estações numa
cidade que espera o ano todo por ela. Os absurdos se sobrepõem de uma maneira
perturbadora. Vai das manchas e espumas que deixam as praias com cheiro e
aparência horrorosos aos ridículos ventiladores nos shoppings(?) da cidade. Da
falta de táxis nas ruas aos alagamentos provocados por rios assoreados ou redes
de águas pluviais sem manutenção, ao mais leve dos chuviscos. Dos preços
absurdos onde quer que se vá na cidade à clara falta de pessoal para
atendimento ao público em restaurantes, bares, clínicas, hospitais e locais
turísticos da cidade. De filas gigantes para embarcar na Estação Santa Luzia à
falta de policiamento que resulta num sem-número de roubos, furtos e violências
diversas pela cidade. Do nível indigente de apagões e da falta de água em vários
bairros. Você escolhe a mazela.
Alguns leitores podem comentar no blog criticando esta
postagem, enxergando aqui uma “campanha contra Angra”. Angra não precisa de
campanha de difamação. A falta de preparo de empresas e governos no trato com a
cidade, seus moradores e visitantes, cuida disso.
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